sexta-feira, 13 de março de 2009

Meu amor pelos temporais
Precisamos de ventos que arremessemnossas naus nos mares de todo mundo
De ventos calamitosos, arrebatedores, que ventem corpos e almas
São ventos que precisamos
Precisamos de ventos que tragam raios e temporais

Daqueles que nos assustavamE faziam nossos corações de criança dar saltos dentro do peitoPrecisamos de ventos vendavais

Não e brisas comportadas que mal desalinhavam nossos penteados Mas de furiosos ventos que arrastam estruturas

Demolem igrejas, destroem templos
Ventos que arrastam pensamentos, dissolvem idéias, solapam medos

Precisamos de ventos que tenham o cheiro de rosas de um certo abril português
Dos maios e das mães da praça
Ventos que levem as gaivotas para o deserto
E que tragam as areias do sertão para os palácios de governo
Precisamos de ventos parideiros

Que deles germinem revoltas e motins
Gargalhadas e o rufar de tambores dos obreiros argentinos
Que atravessem nossos ossos e arrombem grades e calabouços
Que destelhem os sótãos de nossas memórias e tragam à luz os diáriosde nossas batalhas

Precisamos de ventos que sequem nossas lágrimas
Que levem às alturas as pipas de nossos meninos
Que mostrem aos homens que tudo que encobre pode ser arrancado
Que tudo que está pode partir no turbilhão
E que se ventar muito forte, mas muito forte mesmo
Seremos capazes de voar
Heitor Alves Pereira

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